sábado, 20 de março de 2010

Uma trupe maravilhosa

Como disse Guimarães Rosa, “a felicicidade se encontra em horinhas de
descuido”. É nessa horinha que nos apaixonamos. Desta vez eu me apaixonei
pelo verão de Nova York, pelas peças teatrais que coloquei em dia, pelos
novos amigos e novos horizontes.
Assim que voltei de Sorocaba, embarquei para um lugar já conhecido, mas há
10 anos não visitado por mim. É que nos últimos tempos eu estava tão
encantada pela Europa que o destino Nova York não havia me passado pela
cabeça - eu havia morado um ano na cidade que não dorme.

Resolvi tudo em cima da hora, queria voltar e ver aquele lugar com outro
olhar, viajar de mochila nas costas, sozinha por 6 dias como uma simples
turista brasileira. Lá, eu conheci, por acaso, uma trupe da pesada,
brasileiros que moram lá há anos. Me levaram para os melhores lugares da
cidade, bares underground, shows, peças, restaurantes, parques, curti até a
praia sem os paparazzi! O melhor de tudo foi conquistar esses novos amigos
que nem sabiam com o que eu trabalhava no Brasil. É bom quando saímos do
nosso mundo sem expectativas e somos bem recebidos em um novo universo. É
bom sentir-se abraçada pelo que você é de verdade, sem essa história de
fanatismo.
Já no meu segundo dia, mudei a minha volta para o Brasil e acabei ficando
por mais 15 dias.
Agora de volta, só me restam recordações de dias incríveis. Eu estava longe
, mas me senti no Brasil em muitos momentos - a galera sente falta daqui,
faz de tudo pra se sentir mais próximo de casa. Fizemos muitos pães de
queijo, fomos para o forró, armamos uma festa junina, na qual me vesti de
noiva. Só faltava o noivo que todos me zoavam dizendo que ele havia se
perdido no paraíso e estava atrasado. Fomos até no show do Rappa. No Central
Park, resolvi me deitar para tomar sol. Livro em punho, adormeci e acordei
com o Parque deserto, ensopada pela chuva de verão.

O bom de estar fora é que você se sente comum, nao é conhecida, famosa. Não
que eu não goste de ser abordada, mas é que às vezes nos tornamos o centro
das atenções e nos distanciamos do verdadeiro instrumento de trabalho para o
ator. O ator gosta de observar o ser humano, e aqui, no Brasil, isso se
torna difícil, já que nós somos o alvo das observações.
Em Nova York eu me renovei, ainda não estou pronta pra voltar ao batente,
pois ainda tenho muito o que respirar. Mas como disse o poeta: “a
felicicidade se encontra em horinhas de descuido”. Saudades de vocês e
daqueles que ficaram.


Bjos Bjos ALINNE







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Escrito em:6/6/2008

Obrigada pelos deliciosos elogios que recebi neste blog, por conta da "louquinha de franja".

É dolorido me despedir de uma personagem rica como ela, mas como o vento na minha janela nao pára, fico feliz em retomar à vida mais realizada. Adorei deixar a Sílvia em Paris, tenho que concordar com vocês, que seu "Gran Finale" foi muito digno. Como ela mesma disse: "Em Paris a gente brilha!" Eu me identifico com essa frase, o brilho de Paris fascina qualquer um. Eu, por exemplo, me dei muito bem na terrinha francesa como modelo. Foi onde mais trabalhei, construi uma carreira sólida e comprei o primeiro imóvel da família. Aquela terra me traz boas lembranças...
Finalmente, agora, posso parar um pouco e respirar. O ar já não é tão puro e nem tão fresco como no passado. De volta à realidade e eu bato mais uma vez na mesma tecla, naquele mesmo buraco na camada de ozônio, no aquecimento global, na velha preocupação com o planeta, com o ser humano e com seus novos conceitos de vida. É muita coisa! O planeta está doente e nós também. Nós que somos terra, ar, água; nós todos precisamos de um HELP. Vamos nos conscientizar, nos reeducar para novas condutas. É um ato de heroísmo nos salvarmos a nós mesmos. A vida é a coisa mais linda que se pode dar a um filho. Vamos preservar o nosso melhor!
Este assunto parece estar na moda, e quer saber? Fico muito feliz que assim seja, quanto maior a divulgação sobre a situação atual do meio ambiente, melhor! Minha mãe, por exemplo, trabalha com a reciclagem. Essa é a pauta dela em sala de aula. Os alunos fazem exposições de trabalhos com sucatas e outras preciosidades - é a nova geração. Alguns fazendo lá, outros fazendo ali e nós aqui. Quero saber de vocês, o que podem fazer por nós.
Eu sinto que é um momento em que estamos todos jogando no mesmo time, não existem fronteiras, barreiras, países, inimigos.
Estamos todos no mesmo barco companheiros!
Até breve
Bjs Aline


Aproveito para enviar duas fotos do trabalho feito com material reciclado pelos alunos da minha mãe.



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Escrito em:12/5/2008

Nesses 25 anos, aprendi a agradecer por todas as coisas boas da vida, por cada segundo da aurora, por cada acontecimento, bom ou ruim, mas sempre necessário para o crescimento.
Agradeço a oportunidade de dar vida a uma personagem tão rica como a Sílvia. Uma louca, apaixonada e ao mesmo tempo tão humana. É uma honra trabalhar com tantos mestres nesta novela, ícones da teledramaturgia brasileira. Tenho aprendido, me emocionado e me divertido com toda essa equipe generosa e de sucesso.
Só ontem me dei conta, fazendo uma matéria de despedida da novela para o Vídeo Show, que faltam poucos dias para o "end" dessa obra tão marcante. Aliás, que obra! Aguinaldo Silva como o criador, o Deus desta história, mais uma vez arrasou.
Quando se faz novela, você deixa muita coisa pra depois. É o dentista, o conserto do carro, a pintura da casa. Na correria do trabalho, no final desse processo de 9 meses, é que se retoma à vida habitual. No último dia, vem uma mistura de felicidade e satisfação do dever cumprido, com aquele nó na garganta pela saudade já prevista. Uma boa personagem deixa saudades.
Depois disso tudo, corro pra minha casa em Sorocaba, me refaço ao lado da família e volto pro Rio com todo o gás necessário pra continuar (sou workahoolic). Não sei ao certo o que me aguarda. Talvez embarque mais uma vez nos palcos. Teatro te dá mais liberdade, o ritmo é bem diferente e você consegue respirar. Duas formas de expressão que me fascinam, justamente por serem tão distintas. Agora, dividindo com vocês o sonho dos novos projetos quase me perco, mas lembro dos textos que ainda tenho pra decorar e estudar nessa reta final de novela. Com isso, volto a me focar no presente que ganhei, pois percebi cedo que, viver o presente, nos dois sentidos mesmo, é como plantar a semente para que a vida se encarregue de lhe trazer outros.
Hoje eu só tenho a agradecer ...
Bjs,

ALINNE

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